quinta-feira, 5 de maio de 2016

Sarau da Brasa


Nosso Manifesto (Sarau da Brasa): A Elite TREME


A elite encontra-se nos grandes centros comerciais, rodeada pelas periferias que ela própria inventou. 


A periferia se arma e apavora a elite central. 

Nas guerras das armas, os ricos reprimem os favelados com a força do Estado através da polícia. 

Mas agora é diferente, a periferia se arma de outra forma. Agora o armamento é o conhecimento, a munição é o livro e os disparos vem das letras. 

Então a gente quebra as muralhas do acesso, e parte para o ataque. 

Invadimos as bibliotecas, as universidades, todos os espaços que conseguimos, arrumar munição (informação). 

Os irmãos que foram se armar, já estão de volta preparando a transformação. 

Mas não queremos falar para os acadêmicos, mas sim para a dona Maria e o seu José, pois eles querem se informar. 

E a periferia dispara. 

Um, dois, três, quatro livros publicados. A elite treme. Agora favelado escreve livro, conta a história e a realidade da favela que a elite nunca soube, ou nunca quis contar direito. 

Os exércitos de sedentos por conhecimento estão espalhados dentro dos centros culturais e bibliotecas da periferia. 

A elite treme. 

Agora não vai mais poder falar o que quiser no jornal ou na novela, porque os periféricos vão questionar. 

O conhecimento trouxe a reflexão e a reflexão trouxe a ação, e agora a revolta esta preparada, e a elite treme. 

Não queremos mais seu tênis, seus celulares. Não queremos mais ser mão de obra barata, e nem consumidores que não questionam a propaganda. 

Queremos conhecimento e transformações nas relações sociais. 
A elite treme. 

Agora não mais enquadramos madames no farol, e sim queremos ter os mesmos direitos das madames. 

E é por isso que a elite TEME.

III Seminário Projeto Pode Pá

Uma nova abordagem na aplicação de medidas socioeducativas em meio aberto



O referido projeto foi aprovado pelo CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e conta com apoio do FUMCAD (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente).

O projeto visa, a partir de uma nova abordagem, ofertar formas diversificadas de atendimento, considerando os adolescentes em conflito com a lei em sua integralidade, em uma visão sistêmica do adolescente na sociedade.

Pode Pá é uma expressão utilizada pelos adolescentes para confirmar uma parceria de confiança em que todas as partes estão implicadas. Para tanto, este Projeto Piloto tem como objetivo reforçar e viabilizar novas metodologias e abordagens de atendimento para lidar com desafios do campo socioeducativo, tais como:

  • Alto índice de reincidência na medida socioeducativa;
  • Efetivação do acesso e implicação nas parcerias com a rede de serviços e a rede afetiva (território, laços, relações) dos adolescentes;
  • A questão da violência policial, que atravessa os atendimentos e a vida dos adolescentes;
  • Reconhecimento das potencialidades dos adolescentes e do território em que moram;
  • Promoção da autonomia, para que adolescentes possam destrinchar outras possibilidades de circulação por redes e territórios.
Os trabalhos contarão com a supervisão técnica dos renomados psicanalistas Prof. Dr. Jorge Broide e Profª Drª Emília Estivalet Broide e equipe, com longa atuação em situações de alta vulnerabilidade social e larga experiência na formulação de políticas públicas relativas ao adolescente em conflito com a lei. Venha somar esforços nesta tão desafiadora quão complexa empreitada, que, afinal interessa a todos nós.

II Roda de Conversa: A Política de Assistência Social e o Trabalho Socioeducativo

Um espaço de reflexão e construção sobre a prática de trabalho e as lutas necessárias a serem travadas em nosso cotidiano. 

DIA 20 DE MAIO
9HORAS
Mediadoras:
Adriana Brito(Diretora Suplente Cress SP, Professora Uniesp/Fama Mauá)
Camila Gibin (Mestre em Serviço Social, militante da Amparar, trabalhadora do Sefras)

Rua Professora Jacira de Carvalho, 62- Jaçanã 


terça-feira, 3 de maio de 2016

O fim da Rede 2 de Outubro e o surgimento de um Novo Coletivo

O fim da Rede 2 de Outubro

Sobre os fins e as novas construções coletivas...
A Rede 2 de Outubro nasce em 2011 com a articulação de Organizações Não Governamentais - ONGs, movimentos sociais, associações e autônomos pleiteando a construção de uma rede para realizar ações que relembrem o massacre do Carandiru ocorrido em 2 de outubro de 1992, onde, no mínimo, 111 pessoas foram assassinadas pela Polícia Militar do Estado de São Paulo, além de trabalhos com direcionamento de fortificação de instituições estatais e não-estatais como, por exemplo, a Defensoria Pública do Estado de São Paulo. No decorrer das atividades da Rede 2 de Outubro, aproximadamente em 2014, novas pessoas, trabalhadores (as) e pesquisadores (as) das medidas socioeducativas, foram se inserindo para contribuir no processo e membros antigos foram saindo. Apresenta-se nessa nova dinâmica uma discussão acerca das medidas socioeducativas, as quais não eram pautadas por outros movimentos sociais, associações, ONGs e afins.
A Rede 2 de Outubro, portanto, passa a direcionar suas discussões e atividades para o encarceramento juvenil, realizando trabalhos com familiares em portas de unidades da Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente – CASA, antiga FEBEM, objetivando a coleta, encaminhamentos e publicização de denúncias sobre torturas nas unidades prisionais juvenis como, por exemplo, nos complexos do Brás, Vila Maria e Raposo Tavares; realização de eventos que discutissem o cárcere juvenil e adulto; atividades dentro de unidades da Fundação CASA; panfletagem a respeito da dinâmica dentro das unidades junto ao território onde há unidades prisionais; mostra itinerante de cinema popular sobre encarceramento em massa como uma política de Estado em parceria com coletivo autônomo; rodas de conversas em escolas (ocupadas também) e pólos de projetos sociais, dentre outras atividades. Enfim, desse período em diante a Rede 2 de Outubro assume um novo formato de atuação enquanto coletivo autônomo, abandonando práticas e perspectivas políticas anteriores o que, por consequência, assume um novo direcionamento e formato político que norteiam suas ações.
Considerando toda a história explicitada nesse texto e publicizando as mudanças que o referido movimento social teve, qual a finalidade do encerramento de suas atividades? Embora a Rede 2 de Outubro tenha assumido um novo formato desde meados de 2014, a necessidade da mudança para os atuais membros e membras do coletivo é latente e imediata. Isso se dá porque a construção da Rede 2 de Outubro não representa e não define os atuais membros e membras, uma vez que destoam do direcionamento político e práticas adotadas pela Rede durante seu processo de construção e, mesmo que se tenha novos e novas integrantes, a referência a posturas antigas ainda se mantém, o que não é de todo erro, considerando sua atuação enquanto rede, mas ainda assim pode ser um problema. Há de se considerar, inclusive, que atualmente a Rede 2 de Outubro não trabalha mais como uma rede, mas sim como coletivo autônomo. Diante dos fatos, os mesmos membros e membras que compõem esse coletivo hoje, avaliaram a necessidade de mudanças e, portanto, anunciam o encerramento das atividades da Rede 2 de Outubro, em abril de 2016, reconhecendo a importância que ela teve durante seu período de existência.
Pensando sobre a necessidade de mudança e, mais ainda, a necessidade de um coletivo que paute a discussão acerca das medidas socioeducativas e o encarceramento juvenil, essas pessoas iniciam o processo de organização política a partir de um novo coletivo, Coletivo Autônomo Herzer, que possui perspectiva abolicionista penal, anti-punitivista, anti-estatal, anti-patriarcal, anti-fascista, autogestionado e pautado pela ação direta.



Sobre “Herzer”... Anderson Bigode Herzer, transexual, nascido em 10 de junho de 1962, em uma cidade do interior do Paraná chamada Rolândia. Possuía identidade de gênero feminina, Sandra Mara Peruzzo, o nome dado pelos seus pais. Ainda quando criança, vivenciou o assassinato de seu pai e a morte de mãe, a qual não era muito presente em sua vida. Foi adotada pela sua tia A. e seu tio B. e, desde esse momento, segundo o livro “A Queda para o Alto” (Editora Vozes, 1982) que narra a sua história, se tornou Sandra Mara Herzer. Sofreu com diversas violências: doméstica, física, psicológica, patrimonial e sexual, além das extremas torturas durante o período que esteve presa nas unidades da Fundação do Estadual do Bem Estar do Menor – FEBEM, em especial no complexo da Vila Maria, o qual ficou um maior período. Durante sua trajetória, se apaixonou por Bigode, vivenciando também sua morte, o que também foi um fator determinante para sua transexualidade, segundo o prefácio de seu livro. Foi torturado, inclusive, por esse processo, quando passou a se denominar Anderson Bigode Herzer. Enfim, Herzer teve sua história marcada pela falta de condições para sobrevivência e a encerrou com seu suicídio em 1982.
Por fim, considerando que “mais importante que datas, são pessoas”, o Coletivo Autônomo Herzer inicia suas atividades em abril de 2016 deixando uma poesia a qual transfigura Anderson Herzer, segundo suas palavras em seu livro.

[ Essa é a página do Coletivo Autônomo Herzer no Facebook, se puderem dar uma olhada, agradecemos: Coletivo Autônomo Herzer ]